Restritiva ou explicativa: oi?

Sabemos que o uso da vírgula tem um propósito, o que nem sempre sabemos é quando e como usá-la, certo? 

O tema virgulação é complexo. Há situações em que o uso de vírgula é obrigatório, como por exemplo o vocativo, e outras em que não deveria ser usada, como é o caso da vírgula entre sujeito e predicado, mas há mais situações em que temos de perceber se a usamos ou não e porquê. Neste artigo, explico-te como distinguir uma oração restritiva de uma explicativa. 

Orações restritivas e explicativas: o que são?

Orações restritivas são aquelas em que é dada uma informação específica relativa ao grupo nominal antecedente e, por esse motivo, não está entre vírgulas. Pelo contrário, orações explicativas são aquelas em que é dada uma informação adicional relativa ao grupo nominal antecedente e, por esse motivo, está entre vírgulas

Em ambos os casos, por norma, o grupo nominal antecedente é o sujeito. 

E, muito importante, o termo explicativo nada tem que ver com explicação. Não associes esta classificação a algo que está a ser justificado. 

A explicação pareceu-te complicada? Lê os exemplos e vais ver que é bem mais simples do que pode parecer. 

Exemplos
  • O meu irmão que estuda em Viseu joga futebol. — Como tenho dois irmãos, a informação «que estuda em Viseu» não deve estar entre vírgulas pois específica de qual dos meus irmãos estou a falar. Assim, esta oração é restritiva. 
  • O Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, vai falar hoje ao país. — Neste caso, «Marcelo Rebelo de Sousa» é uma informação adicional, por isso, está entre vírgulas. Se esta informação for retirada, a frase continua a fazer sentido e continuamos a saber quem é o sujeito pois só há um Presidente da República em Portugal, e actualmente é Marcelo Rebelo de Sousa. Assim, esta oração é explicativa. 
Mais exemplos
  • A lapiseira que uso para escrever é a que está partida. — Oração restritiva, porque indica, de todas as minhas lapiseiras, aquela com que escrevo. 
  • A revelação foi feita pela ministra da saúde, Marta Temido, após a reunião com especialistas do Infarmed. — Oração explicativa, porque dá a informação complementar «Marta Temido». 
  • O meu primo que é alto consegue chegar à prateleira de cima sem precisar de um banco. — Oração restritiva, porque indica de qual dos meus primos estou a falar. 
  • O meu primo, que é alto, consegue chegar à prateleira mais alta sem precisar de um banco. — Oração explicativa, porque acrescenta um detalhe característico do meu único primo.   
  • A menina cansada foi-se sentar no banco do jardim. — Oração restritiva, porque específica de que menina se está a falar.
  • A menina, cansada, foi-se sentar no banco do jardim. — Oração explicativa, porque dá a informação adicional de que a única menina presente estava cansada. 

Como já percebeste, saber se a frase deve ter vírgula ou não depende do contexto. Assim, esta análise deve sempre ser feita conforme cada caso. Li numa revista a seguinte frase: «Sem menosprezar todos os que sofrem, directa ou indirectamente com a covid e as suas consequências, Rita admite que…» Neste caso, e avaliando o contexto, eu diria que a oração é explicativa porque todos fomos afectados pela pandemia e que a informação «directa ou indirectamente com a covid e as suas consequências» apenas acrescenta algo ao que está a ser dito. Mas isto assumindo que não há psicopatas por aí a não sentir os efeitos da actual situação pandémica… 🙄

PARTILHA ESTA PUBLICAÇÃO!

Deixa um comentário!

Deixe um comentário

O seu endereço de email não será publicado. Campos obrigatórios marcados com *

NEWSLETTER

Notícias incomuns

Por aqui, irei partilhar, em primeira mão, ou, em alguns casos, talvez em única mão, as novidades do Lugar Incomum: últimos trabalhos, artigos partilhados no blogue, esclarecimentos ou reflexões sobre assuntos relacionadas com a língua portuguesa e com os livros, e, quem sabe, alguma partilha inesperada.