O verbo haver tem particularidades que sabemos existir, mas temos dificuldade em perceber quais e como as usar correctamente. Por que razão há situações em que não deve ser usado o plural? Porque nuns casos é possível e noutros não? É isso que te vou explicar.
Verbo principal
Quando o verbo haver é o principal, é utilizado como verbo impessoal e, portanto, usado na 3.ª pessoa do singular. Por este motivo, «haverão» não existe. Além disso, é ainda aplicado com o mesmo significado do verbo existir. Vejamos estes exemplos.
- Havia/
Haviamdois limoeiros no quintal.
- Para que não haja/
hajamdúvidas, eu vou explicar outra vez.
- Havia/
haviammuitas pessoas a assistir à entrevista.
- Como consequência do descontentamento, vai/
vãohaver manifestações.
- Devido ao mau tempo, continua/
continuama haver inundações.
- Não acredito em bruxas, mas que as há/
hão, há/hão.
- À noite, havia/
haviambarulhos estranhos no sótão.
Verbo auxiliar
Quando o verbo haver é o auxiliar, precede o verbo principal que pode estar no particípio passado ou no infinitivo. Assim, neste caso, o verbo haver concorda com o sujeito da frase, sendo, por isso, utilizado em concordância com o mesmo, independentemente de ser singular ou plural. Além disso, é ainda aplicado com o mesmo significado do verbo ter. Vejamos estes exemplos.
- Já havíamos saído da livraria quando a Maria telefonou.
- Não se preocupem, quando eu chegar, telefono. Hão-de ter notícias minhas.
- Como assim, não te lembras? Eles haviam dito que a reunião era hoje.
- Eu já havia comprado o pão quando a mãe telefonou a dizer que afinal não era preciso.
- As pinturas haviam sido restauradas há cinco anos, mas estavam novamente e precisar de um jeitinho.
- Um dia, ainda se hão-de arrepender se ter feito isso.
- Havíamos feito muita coisa, quando éramos novos.
O que muda com o Acordo?
As formas verbais compostas pela preposição «de» que são ligadas ao verbo pelo hífen perdem o mesmo. Vejamos estes exemplos.
Sem Acordo | Com Acordo |
Não fico ofendida, ainda me hei-de rir disto um dia. | Não fico ofendida, ainda me hei de rir disto um dia. |
Hás-de cá vir! | Hás de cá vir! |
Há-de ser um cenário bonito de se ver. | Há de ser um cenário bonito de se ver. |
Hão-de me contar direitinho o que aconteceu. | Hão de me contar direitinho o que aconteceu. |
Como já deves ter percebido, «há-des» não é correcto. Na verdade, nem existe como forma verbal. O único Hades que deves conhecer é o deus do submundo e dos mortos na mitologia grega.
Agora que já percebeste como conjugar este verbo, desafio-te a estares atento ao que lês e a pensares se estará bem escrito ou não. Hás-de aceitar este desafio, certo?
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