Devemos dizer a personagem se a interpretação feita representar uma pessoa do sexo feminino e o personagem se a interpretação feita representar uma pessoa do sexo masculino? Se não, qual é a forma correcta de dizer? E porquê?
É isso que te explico neste artigo.
A personagem
Personagem designa uma pessoa fictícia (sendo que pessoa fictícia pode ser um ser humano ou não) de uma obra literária, de um filme, de peça de teatro, ou outro. É uma palavra do género feminino, ou seja, é um substantivo comum tanto ao sexo masculino como ao feminino. Isto significa que devemos dizer preferencialmente a personagem, seja esta uma pessoa masculina ou feminina.
Exemplos
Os actores que representaram as personagens principais do Titanic foram nomeados para os Óscares.
As personagens da saga Harry Potter têm nomes que não foram escolhidos ao acaso.
A personagem literária que gostava de conhecer é o Russkiy, do livro A Avó e a Neve Russa.
A consistência das personagens na narrativa é essencial.
O personagem
Então, porque ouvimos dizer tantas vezes o personagem?
Porque associamos o género da pessoa literária ao artigo que precede a palavra personagem, talvez influenciados pelo francês le personnage. Sendo esta uma situação recorrente, pela força do uso, o personagem já começa a ser aceite. No entanto, devemos preferir usar a personagem.
Além disso, na linguagem do quotidiano, costumamos usar uma expressão quando queremos enfatizar a pessoa real a que nos estamos a referir que pode também ter interferência na alteração do uso correcto da expressão. Um exemplo? Este gajo é cá um personagem!
Afinal, qual devemos usar?
Em suma, devemos usar a personagem sempre que nos referimos a uma pessoa fictícia (relembro que pode ser humano ou não) de uma obra literária, de um filme, de peça de teatro, ou outro, principalmente se o texto no qual estamos a usar esta palavra for literário.
Imagina um diálogo de uma obra literária em que as personagens conversam sobre a prestação de determinado actor ou atriz num filme: devem dizer «a personagem principal esteve muito bem», mesmo que a personagem principal seja, por exemplo, o António.
Quanto ao uso da expressão o personagem… bom, deixemos para os cromos que nos fazem constatar o já constatado: que são uns personagens como não há igual. E mesmo aqui, seria bem aplicado usar a personagem.