Livros da prateleira lá de casa: A girafa Gigi e a zebra Zezé

Era uma vez uma menina que tinha quatro anos. Quando fazia xixi, a menina tinha muitas dores, e por isso os pais levaram-na ao hospital. Como sempre, para todo o lado que ia, a menina levava consigo o seu livro preferido: A girafa Gigi e a zebra Zezé.

Enquanto aguardava ser atendida, a menina estava sentada numa cadeira da sala de espera a ler o seu livro, seguindo a leitura com o indicador, fazendo as pausas onde havia vírgulas, mudando de linha e de página quando tinha de mudar, não acrescentando, retirando ou alterando uma palavra. Um senhor que também aguardava ser chamado admirou-se de uma menina tão pequenina já saber ler tão bem e perguntou ao pai da criança «Desculpe, a menina sabe ler? Ainda é tão pequenina!» E o Sr. Víctor responde «Não, sabe a história de cor. E eu também!»

Como diria o outro, sim, a menina era eu.

A prateleira lá de casa tem muitos livros. Bem, na verdade, é relativo. Aquilo que algumas pessoas possam considerar ser muito, para mim é pouco. Há ainda muitos livros a acrescentar aos que já tenho na lista, lista essa que vai sempre aumentando — não porque não vou os lendo, mas porque estou sempre a acrescentar mais.

Não sei se este foi o primeiro livro da prateleira lá de casa, no entanto, foi o primeiro que me marcou. A girafa Gigi e a zebra Zezé viviam na mesma savana, mas como esta era tão grande, nunca se tinham conhecido. A girafa Gigi cresceu muito rápido e era maior do que os primos, que passavam os dias a arrelia-la por isso. Um dia, decidiu beber muita água e partir à exploração da floresta lá longe, onde se dizia haver muitos perigos. A zebra Zezé aproveitou uma distração familiar e decidiu partir à descoberta da savana, um pouco mais além da fronteira do que lhe era permitido, acabando por se perder, e por conhecer a girafa Gigi. Vivem uma aventura juntas, os animais da floresta ajudam-nas e elas percebem que, afinal, na floresta não vivem animais assim tão perigosos. Não é uma história com uma mensagem especial. Na verdade, acho que o encanto está mesmo na forma simples como a história é contada e nas ilustrações bonitas que a complementa. E, claro, no cheiro que o livro tem, mesmo passados todos estes anos. Ia com ele para todo o lado. De tanto que o usei, está remendado com fita-cola.

Este foi o meu primeiro amor. E o primeiro amor nunca se esquece. 😍🤓📚

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